quinta-feira, 22 de abril de 2010


NELSON DE OLIVEIRA LEU A TRÍADE


"É um livro mágico!" declarou o autor de Subsolo Infinito "O mito das hierarquias celestes, dos anjos e arcanjos se misturando com os homens e as mulheres, sempre me cativa”

O notável Nelson de Oliveira leu A Tríade, bem como estão lendo outros respeitados escritores que também receberam o manuscrito. Foi com muita alegria que O Quarteto da Tríade (Carlos, Claudio, Cariello, Kizzy) recebeu o texto empolgado do premiado escritor. Nelson é quem agora assina o texto das orelhas do livro; um texto que nos levou às lágrimas.

“A literatura brasileira contemporânea carece de épicos. De sagas que fujam da rotina intimista tão corrente na produção nacional, que vagueiem por outras veredas que não a da classe média sufocada, da elite desacreditada, da pobreza já tão denunciada nos jornais e no cinema”.

Eu principalmente, por ser autor do fantástico, me senti recebido com palmas por uma referência na nossa literatura, o autor e resenhista da Folha, que ficou famoso por escrever mainstream (ficção realista) faz da Tríade um desabafo sincero e belo de quem está um pouco saturado de toda essa realidade, como também se lê no trecho:

“A literatura nacional precisa urgentemente mostrar que o sonho não acabou, que a infelicidade e o pessimismo têm limites e o impossível só se tornará possível por meio da pura fantasia. Ou os autores continuarão perdendo lugar no coração dos leitores, para a tevê, os games e a produção internacional.

“Porque, ao contrário do que se afirma por aí, no Brasil não se lê pouco. No Brasil se lê pouco a literatura feita aqui, pelos brasileiros, cujas narrativas de matrona pouco criativa repetem de forma enfadonha o que já estamos cansados de saber: a realidade é pequena.

“A Tríade é um épico e todo épico gosta de afirmar: a realidade é mágica.

“A Tríade fará muita gente voltar a acreditar que é possível, sim, uma literatura brasileira que, sem abrir mão da qualidade literária, não tenha medo de contar uma boa história, de resgatar um pouco das narrativas eletrizantes que nos faziam sonhar quando moleques”.
*-*
Mais adiante publicaremos aqui o texto do Nelson na íntegra.
É isso, queridos, anotem já na agenda a data de lançamento: sábado, 28 de agosto de 2010 no FANTASTICON (pra quem não sabe, o maior evento de literatura fantástica da América Latina) que ocorre na Biblioteca Viriato Corrêa.

Nelson de Oliveira nasceu em 1966, em Guaíra, SP. Escritor e doutorando em Letras pela USP, publicou mais de vinte livros para adultos e crianças, entre eles Naquela época tínhamos um gato (contos, 1998), Subsolo infinito (romance, 2000), O filho do Crucificado (contos, 2001, também lançado no México), A maldição do macho (romance, 2002, publicado também em Portugal), Verdades provisórias (ensaios, 2003) e O oitavo dia da semana (romance, 2005). Em 2001 organizou a antologia Geração 90: manuscritos de computador e em 2003, Geração 90: os transgressores, com os melhores prosadores brasileiros surgidos no final do século XX. Desde 2003 coordena oficinas de criação literária para escritores diletantes, com obra ainda em formação, e pessoas interessadas em aprimorar suas habilidades no uso da linguagem literária. Colabora regularmente com o jornal Rascunho (PR) e com o caderno Idéias & Livros, do Jornal do Brasil (RJ). Dos prêmios que recebeu destacam-se o Casa de las Américas (1995), o da Fundação Cultural da Bahia (1996) e duas vezes o da APCA (2001 e 2003).

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Com a Tríade aprendi três coisas: escrever, imaginar e amar
Não uma escrita que se ache pronta, ao contrário, uma escrita que ainda sabe que está no meio do caminho, antes do meio. Não uma imaginação que se ache infalível, não, aquele tipo de imaginação que se entrega ao delírio das coisas não ditas, mas ciente de que são só delírios e para se transformarem em alguma coisa (um conto, por exemplo) precisa-se de muito trabalho. Não um amor que só se entrega às coisas perfeitas, ao contrário, um amor que sempre está ciente das qualidades e defeitos do ser/coisa amados.

São seis anos de trabalho onde esses três elementos vem ganhando força, maturidade. Acredito, hoje, depois do projeto concluído, que esses sãos os elementos que qualquer (pretenso) artista da palavra precisa dominar para sair do assoalho do medíocre e começar a erguer algo consistente: tem que saber escrever (bem óbvio), imaginar (insiro aqui delirar, enlouquecer) e amar.

E como aprendi isso?

Escrever, acho, parece óbvio, foi com a prática. Muita prática. Não somente a prática do meu texto, longe disso! Aprendi muito com a prática dos outros, comparando, lendo e relendo. Nesse “outros” coloco não só os ilustres escritores que dividiram comigo essa peleja (rs), mas os escritores todos, que li e reli (ficção, ou não). Aprendi discutindo e percebendo que se a palavra não diz, não diz e pronto, não perca seu tempo explicando o que quis dizer. Texto é igual a filho, é feito pro mundo e tem que se garantir, não adianta querer proteger.

Imaginar. Muitas vezes a minha mãe foi chamada à escola. A reclamação era sempre a mesma, é um ótimo menino mas presta pouca atenção à aula, quando não está conversando, está rabiscando algo no caderno. Minha mãe vinha então conversar comigo, dizer que eu tinha que prestar atenção. E imaginar ganhava um tom de errado, sonhar algo restrito aos cobertores. Sempre lutei com isso, como uma loucura que pudesse me consumir a qualquer momento, uma infância que não queria dar lugar à maturidade. A Tríade me ensinou que o delírio é parte da sanidade, controlar e se entregar a ele faz parte da tal maturidade. Somos, em essência, loucos, temos o pé em universos paralelos. Se o que se imagina morrera em nossos sorrisos solos em uma sala de espera, ou se vai virar um filme de bilhões de dólares em orçamento, bem, acho que aqui conta muito trabalho com outro tanto de sorte. Mas imaginar é fundamental, para quem trabalha com as mãos ou com a cabeça.

Amar, também, acho que mora dentro do óbvio. Quem é casado, ou viveu um relacionamento mais longo sabe o que vou dizer, viver com alguém não é fácil. Articular suas idiossincrasias com a de outra pessoa, imagine com a de quatro pessoas! Não há como fazer isso sem algo de amor, um projeto, qualquer um, morre sem essa pitada. No meu caso, tive que aprender a amar os meus amigos de jornada, aprender a calar e xingar. Os personagens, vivi muito com eles e tive que aprender a dar voz para suas qualidades e defeitos sem manipulá-los, como se deve ser. E ao projeto, toda essa saga, acreditando que não seria só uma grande perda de tempo. A experiência do amor, das três, é o que torna as palavras receptáculos do eterno e não somente um conjunto de símbolos que representam histórias.

É isso, sei que esse texto é muito passional. Sei também que, talvez, não era isso que esperava encontrar aqui. Contudo, é com ele que escolho começar, algo que dedico àqueles que estão no começo de uma jornada que se fará longa; no meio de uma que já se arrasta por muito tempo; ou no fim de alguma que não obteve êxito. E também porque é aqui que está a essência do que será publicado em breve, esse almagama de palavras, delírios e amor.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Na tríade que une o Anjo, o Templário e o Vampiro, é importante apresentar essas três ricas figuras na exata forma em que brilham nessa trama.

O Anjo
Esse ser mitológico que ecoa nas religiões desde a origem dos tempos, cuja forma cabe a homens e mulheres de fé engendrar, co-existe, normalmente, assim na Terra como no Céu, com outros anjos e entre homens sem ser percebido. E, diferente do que se enganam alguns, os anjos possuem livre arbítrio. Aqui um deles possuirá destacado papel como alguém tão poderoso a ponto de ser capaz de soprar os rumos de alguns homens, reis e, por consequência, seus reinos. Moldando, dessa forma, o destino de toda humanidade.

O Cavaleiro Templário
Esse homem lendário que ecoa na História há séculos, cuja coragem é tão atraente quanto os mistérios que o envolveram, dedicou sua espada e a própria vida a sua Ordem. Salienta-se que, a antiga Ordem dos Templários, não era apenas uma das maiores ordens militar-religiosas da História, mas sim, a maior de todas elas. Porque o fim máximo de sua existência era o de buscar, encontrar e defender, longe de olhos maléficos, os maiores segredos da humanidade. Tesouros mais fundamentais ao homem que o próprio ouro.


Por último e não menos importante: algo pavoroso e às vezes belo, repugnante e abjeto aos olhos humanos, surgirá nessas páginas. Uma astuta entidade sobrenatural noctâmbula.

O vampiro
Essa quimérica criatura noturna, que ecoa no imaginário de todos os povos do mundo, desde eras imemoriais, cujos relatos são os mais antigos, os mais diversos, e até mesmo dos que os do próprio diabo, é, além de mítica, também mística. Diferente do que se defende em algumas equivocadas convenções, o vampiro é oriundo da magia e sua natureza não é biológica. Em última analise, não é um vírus, bactéria ou qualquer tipo de praga que possa vir a contaminar. Tampouco se trata de uma outra espécie diferente da humana. O vampiro é apenas um homem imbuído de uma condição mística. Jamais possuirá, portanto, uma natureza fixa por se tratar de um ser da sobrenatureza. E nesse reino se foge à razão e não existem limites para o improvável e o impossível.


Três distintas personagens, que venceram a morte e o esquecimento, sendo assim, imortais, cada um a seu modo e fazendo casa na imaginação, diluem-se nessas linhas que ousaremos simplesmente chamar de A Tríade.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Escrevendo a Tríade - parte I

Por Octavio Cariello


O projeto da Tríade tinha já três anos quando conheci Claudio Brites e Carlos Andrade.
Claudio era amigo do Kizzy, que tinha sido meu aluno de roteiro na antiga Fábrica de Quadrinhos. Claudio frequentou minhas aulas de roteiro na Quanta Academia de Artes e me indicou como professor de desenho pro Carlos.
Depois de alguns meses, as relações se estreitaram e passamos a nos frequentar.
Numa das reuniões na casa do Carlos, fui apresentado à Tríade e ao impasse criado pela ascensão do Kizzy ao status de escritor conhecido.
Carlos havia preparado a parte do anjo, Mamon, Claudio animara-se em redigir centenas de páginas com as aventuras do templário, André de La Rochelle, e Kizzy desenvolvera as viagens de Juan Carlos Montoya, o padre que vira vampiro.
Originalmente, caberia ao Kizzy a tarefa de redator da versão final, homogeneizando as três vozes, de alguma maneira, díspares dos autores.
Com as obrigações remuneradas de escritor e organizador de coletâneas, restava pouco tempo e energia ao Kizzy para empregar na finalização do romance.
Os autores divulgaram sua ideia nas malhas da Internet, criando muita expectativa quanto ao romance finalizado; suas vidas, entretanto, foram tomando rumos que, aparentemente, distanciavam-se do destino do projeto que lhes era tão caro.
Depois de muita energia, esforço e dedicação, a Tríade parecia fadada a permanecer muito guardada.
Demonstrei interesse em fazer parte do projeto e assumir a redação final. O trio original de autores ficou animado e me forneceu todos os documentos coligidos e referências usadas na confecção de seus manuscritos.
Levei uns dois meses analisando cada mapa, cada livro, cada referência. Li e reli os manuscritos umas três vezes. Depois de uma reunião no café da Livraria Cultura, passei a fazer minhas próprias pesquisas e desenvolver uma história de moldura que fizesse jus às narrativas desenvolvidas por Carlos, Claudio e Kizzy.
Uma vez que os autores concordaram com minhas ideias, iniciei o primeiro esboço. O romance contaria com Um personagem misterioso que iria narrar, na Roma do século XVII, para um dos pintores franceses mais influentes, as aventuras acontecidas com a Tríade original, desde o início dos tempos até a Europa do século XIV. Para manter a estrutura em trígonos, imaginei um capítulo final, um desfecho acontecendo na contemporaneidade do século XXI; pouco mais de três séculos separariam cada instância do romance pontuado por acontecimentos históricos concretos.
A Nicolas Poussin (e ao leitor, em paralelo) seriam revelados os fatos que podem responder a pergunta que originou a Tríade: qual segredo uniria o anjo, o templário e o vampiro?
depois de muitos ajustes, feitos pro Claudio Brites, Carlos Andrade e Kizzy Ysatis, a Tríade, enfim, está pronta e, em breve, você poderá procurar pela resposta nas páginas do nosso romance feito a oito mãos.




Como surgiu A Tríade?


É complexo dizer como uma idéia surge. Como professor, por muitos anos, procurei instigar os jovens a escrever, buscando formas diversas de criar oportunidades para a sua realização. No entanto, tudo que escrevi até o momento estava relacionado à produção acadêmica do conhecimento em minha área, embora tivesse vontade de me voltar para a produção literária. Fui sempre um apreciador da ficção e, numa noite, sonhei com três personagens que me fascinaram em minhas leituras: um Anjo, um Cavaleiro Templário e um Vampiro. Ao acordar sobressaltado e envolto nas imagens que ainda se refletiam do sonho, pensei em escrever sobre elas. Surgiu então A TRÍADE ©.


Convidei os escritores Claudio Brites, Kizzy Ysatis e Octavio Cariello para compartilharem comigo desse projeto. Assim cada um de nós assumiria um papel; visões diferentes que se envolveriam numa trama densa que ia da idade média aos dias atuais.


Parece não haver coerência na união dessas personagens. Elas sempre permearam espaços próprios ou singulares. Agora é a hora do encontro. Você pode imaginar o que poderá resultar desse encontro?


A Tríade entrará em cena brevemente e aproveitamos o momento para convidar-lhe, desde já, a conviver conosco nesse mundo no qual o consciente e o inconsciente se tocam; passado, presente e futuro se mesclam e o imaginário é construído como reflexo dos anseios e sonhos humanos.